O Professor Paulo César Carbonari, diretor pedagógico e professor no IFIBE, defendeu sua tese de doutoramento em filosofia no Programa de Pós-Grduação em Filosofia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) no dia 07 de abril de 2015. A sessão aconteceu das 09 às 12 horas na sala 221 do prédio B onde está sediado o PPG em Filosofia. A banca foi coordenada pelo professor Dr. Castor Bartolomé M.M. Ruiz, do PPG Filosofia da Unisinos, orientador, e foi composta pelos seguintes membros: Dr. Paulo Abrão, presidente Comissão Nacional de Anistia/MJ e professor da PUCRS, Dr. Daniel Pansarelli, vice-reitor de extensão e professor da Universidade Federal do ABC, Dr. Solon Viola, professor do PPGCS Unisinos e Dr. Inácio Helfer, professor do PPG Filosofia Unisinos.

A tese do professor Carbonari tem por título-tema: "A potencialidade da vítima para ser sujeito ético: construção de uma proposta de ética a partir da condição da vítima". Defendeu a hipótese central de que há uma potência positiva na vítima, a de ser sujeito ético e que esta potencialidade se apresenta à construção de uma proposta de ética a partir da condição de vítima, o que exige repensar a racionalidade e a subjetividade éticas. O texto, depois de fazer uma reconstrução da categoria vítima com apoio da etimologia, das ciências jurídicas e da antropologia religiosa, foi desenvolvido a partir de referenciais filosóficos buscados na tradição: de um lado aqueles que advogam a naturalidade, a necessidade e a inevitabilidade da vítima e produziram uma racionalidade vitimária, representados por G. Sepúlveda, J. Locke e F. Nietzsche; de outro lado, aqueles que defendem a historicidade da produção da vítima e desenvolveram um pensamento crítico que aponta para a superação da condição da vítima, W. Benjamin, P. Freire e E. Dussel. Desse exercício colheram-se as bases para a construção de uma racionalidade ética a partir da condição de vítima que se tornaria referencial epistêmico para pensar uma nova subjetividade ética. O objetivo de sistematizar referenciais para compreender a subjetividade ética emergente a partir da vítima exigiu tematizar o reconhecimento e a responsabilidade como elementos constitutivos da nova subjetividade e trabalhar a vida, a participação e a organização como condições de afirmação da subjetividade, junto com a corporeidade, a singularidade e a dignidade como dimensões desta nova subjetividade ética. Finalmente, a pesquisa também discutiu as exigências éticas decorrentes, considerando a relação com a história, a pedagogia e a política, indicando os limites e a necessária complementaridade da ética. A pesquisa conclui afirmando que é possível uma subjetividade ética inclusiva da vítima e que a potência por ela carregada remete para repensar aspectos estruturantes para que já não se admita a exclusão e a eliminação de seres humanos como justificada ético-filosoficamente sob qualquer argumento.

A banca reconheceu como original e criativo o tema e também a abordagem realizada, teceu considerações e sugestões, bem como apresentou questões ao postulante, que as debateu com os membros da banca. O professor Carbonari teve sua tese aprovada com nota Excelente e teve recomendação de publicação por parte da Banca, sobretudo pela colaboração que reconhecidamente poderá dar à reflexão ética e à luta pelos direitos humanos. O professor Carbonari disse estar satisfeito por cumprir mais uma etapa importante de sua formação acadêmica e que agradece a todos/as que colaboraram para que este momento pudesse ser realizado.